terça-feira, 9 de junho de 2009

In Memorian

Durante a vida as pessoas tem muitos animais de estimação. Eu mesmo já tive muitos deles, a maioria eram cãezinhos, mas também já tive 4 periquitos (se me lembro bem se chamaram Bam-Bam, Pedrita, Princesa e Franklin), que morreram de infecção intestinal, eles defecavam e não sei por que o cocô deles ficava pregado na bunda e com o tempo juntava bactérias, dava doença e eles amanheciam deitadinhos no fundo da gaiola. Deles eu nem senti muita falta, eles só ficavam fazendo barulho na sacada. Também uma vez tive uma aranha. Se chamava Tarja e eu a guardava em um pote de maionese com um galhinho dentro pra ela fazer a teia dela. Eu gostava de jogar pernilongos, mosquitos e formigas pra ela comer, se você já viu uma aranha caçando e se alimentando deve conhecer essa emoção. Tive que soltar Tarja no jardim do prédio porque ela colocou um saco de ovos e em uma semana o pote de maionese tinha tanta aranha que eu cheguei a sonhar com elas andando pela casa. Soltei tudo.

Mas esse post é especial pra um cãozinho que eu ganhei de uma amiga, Amy, o Willy. Willy Poll. Ele não era o cachorro mais amigo que se pode ter, aliás, ele era o mais esnobe que um cão pode ser. Mamãe dizia que era por causa da raça dele, Lhasa-Apso, que é um raça tibetana que foi criada como companhia para monges. Imagina um cachorro monge, então. Ele ficava sempre paradinho no cantinho, nem parecia que tinha um pet na casa. Mas o que eu mais gostava nele eram suas peculiaridades. Ele não era muito adepto do latido, como um bom monge era bem silencioso, só tinha o estranho costume de latir para o guarda-roupas e isso ninguém entendia. Mas ele resmungava muito, e era um grunhido que soava parecido com um sapo, só que rouco. Willy tinha um comportamento muito estranho. Certas vezes enquanto eu estava assistindo televisão no quarto, ele passava rolando pelo corredor. Sim, ele passava rolando pelo corredor, indo e voltando sem fazer barulho, só rolando. Ele não sabia brincar. Quando era jovem ele até brincava de morder a nossa mão mas com a idade e as doenças chegando ele foi se aposentando do convivio social, até que no final de sua vida era um cãozinho quieto, tímido, silencioso e fedidinho (segundo minha mãe, todo mundo fica fedido quando fica velho "não vê a sua vó como é fedidinha?").

Nos últimos dias Willy passava maior parte do dia deitado, não levantava nem pra fazer necessidades então percebemos a morte batendo à portinha de sua casinha. Em sua última noite, quando chegamos em casa ele estava deitadinho, todo cheio de xixi, no meu quarto, olhando pela sacada do décimo segundo andar (pensando em suicídio talvez O.o). Nem fez festa, devia estar com muita dor vinda da infecção na bexiga. No outro dia enquanto eu estava na escola meu irmão disse que o viu cambaleando até a cozinha, deu uma risada pois achou a cena engraçadinha até que o Willy Poll caiu, mijou e cagou tudo. Morreu.


(Willy Poll, 2005)

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